Redescobrir o mundo rural

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Budapeste é incomparável!

Budapeste (vista panorâmica)


Praça dos Heróis


Ponte das Correntes

Bastião dos Pescadores e Igreja do Rei Matias

Parlamento da Hungria (Budapeste)
Lago Balaton

Budapeste é de uma beleza incomparável

Na continuação da viagem da Áustria para a Hungria passámos pelo Lago Balaton, o maior lago da Europa Central, com 600 Km2 de área.
Quando entrámos na região rural no norte da Hungria, com as suas típicas aldeias nas encostas da montanha, cercadas de vinhas, percebemos como vivem uma vida simples.
A Hungria entrou recentemente na União Europeia e ainda mantém a mesma moeda, o Florim.
Budapeste estende-se ao longo do rio Danúbio que divide as duas cidades: Buda e Peste.
Ao contemplar a cidade, temos a sensação de tratar-se de uma construção de milénios, no entanto, em vários momentos da sua história esta cidade foi destruída: sofreu grandes perdas com uma inundação do rio em 1838, esteve dominada no século XVI pelos turcos, vítima das devastações da 2ª Guerra Mundial, conseguiu reconstruir-se uma, outra e outra vez.
No seu conjunto os inúmeros e belíssimos edifícios históricos que se distribuem pela cidade representam diversos estilos desde romântico, gótico, renascentista, barroco, …
(as aulas de Património revelaram-se importantes para reconhecer alguns destes), em que se destacam: o Parlamento, considerado o maior e mais luxuoso da Europa; a Ponte das Correntes; a Ponte da Liberdade, em cima de cada um dos seus pilares repousa um pássaro, Turul, da mitologia tribal; o Bastião dos Pescadores e a Igreja do rei Matias construído na colina do Castelo que dá magníficas perspectivas sobre o Danúbio, Peste e o Parlamento; o Monte Géllert e o monumento da Liberdade e a Cidadela, onde também existe um Bunker usado na guerra pelos alemães. Conta-se que antigamente era o local onde se reuniam as bruxas, aliás, foi um rei húngaro o primeiro na Europa a proibir que se queimassem as bruxas; a Praça dos Heróis, construída em 1896 para comemorar o primeiro milénio da fundação da nação. O arcanjo Gabriel erigido no topo da coluna sustenta na mão a coroa que, segundo a lenda, terá vindo em sonhos oferecer ao primeiro rei húngaro, István (Santo Estêvão).À volta da coluna estão as estátuas dos sete chefes tribais húngaros que conquistaram a pátria e o imperador Árpád; a Opera; o Castelo Real; a Grande Sinagoga; a Academia das Ciências da Hungria…


Simplesmente inesquecível!

segunda-feira, dezembro 26, 2005

À descoberta da Europa Imperial



Um circuito interessante: Raminho, Lajes, Horta, Lisboa, À-dos Ferreiros (a minha Terra Natal), Frankfurt, Viena, Budapeste e Praga. Neste final de 2005, a merecida recompensa de um ano de grande dedicação e espírito de sacrifício, foi finalmente alcançada. Visitar algumas das mais bonitas cidades da Europa onde a cultura, a arte, a história, a beleza, a gastronomia, os espectáculos, os usos e costumes do Velho Continente estão presentes e contribuem para o enriquecimento de quem tem o privilégio de os conhecer pessoalmente, é decididamente uma bela prenda de Natal.

Como o itinerário promete, tentarei registar os momentos mais significativos e começo logo pela encantadora Áustria, a pátria de Mozart e de Hitler. Na cidade de Viena (Wien) visitámos o Palácio de Schönbrunn, o Parlamento e os Jardins do Palácio de Belvedere com a sua vista panorâmica extraordinária, onde pude provar uma caneca de ponche quente que é óptimo para aguentar a temperatura de 3 graus.
À noite, tivemos a oportunidade de jantar uma típica consoada austríaca num castelo Renascentista, WeiKeiesdorf Castle. O culminar da noite aconteceu com a experiência de participar na celebração da missa da meia-noite, na Igreja de Santa Cruz, no Mosteiro medieval de Heiligenkreuz.

Comentários pessoais: Viena é uma cidade incrivelmente limpa, reconhece-se o civismo e o cuidado das pessoas com o ambiente. Fiquei impressionada, porque não encontrei um único papel, garrafa ou qualquer lixo abandonado nas ruas.
Em simultâneo com uma zona intensamente industrializada, resultado segundo parece da ocupação da Rússia, após a 2ª Guerra Mundial, Viena tem mais de 50% de áreas verdes e é rodeada de bosques.
O jantar multicultural reuniu à mesma mesa portugueses, italianos, romenos, canadianos e russos. Discutiram-se os mais diversos assuntos desde a mudança do regime comunista, aos direitos das mulheres, às condições de vida das crianças indianas, comparámos os sistemas de ensino dos vários países e cantámos em várias línguas. Ah, e bebemos um vinho tinto produzido a partir de uma casta portuguesa trazida há muito tempo atrás para estas bandas. Uma noite inesquecível!
Adorei os monumentos. As jóias e as roupas seculares da coroa e do clérigo que vi no Kunsthistorisches Museum eram fantásticas.
Se pudesse levar uma recordação para a nossa ilha escolheria um pedacinho de neve, pois aqui as árvores de Natal são tão verdadeiras e os ramos estão mesmo cobertos de neve, sem precisar usar as latas de spray para os enfeitar. É deslumbrante…
Budapeste vem a seguir...!
É de onde estou a publicar este blog...

domingo, dezembro 11, 2005

É o Natal a chegar






Pelos campos caminham
José, Maria
Com um Deus escondido
Ninguém sabia
Pelos campos caminham
José, Maria
À procura de abrigo
Que a noite é fria
Pelos campos se perdem
Sonhando calor
Porque agora à tardinha
O Sol não tem cor
Olham as flores do campo
Uma estrela brilhante
Num céu de alegria
E uma pomba branca
Voa a sorrir
Mostrando a quem avança
Por onde há-de ir
Já a gruta está perto
E daqui se vê
Parabéns ao Menino, à Maria e José


Multiplicam-se as festas nesta quadra, muitas delas que de Natal têm apenas o nome.
É vulgar ouvirmos, Casa de Pais Escola de Filhos. Felizmente podemos dizer agora também Escola de Filhos Casa de Pais.
Foi nesta caminhada feita ao longo do ano escolar que pais, alunos, professores e até avós deram as mãos e nasceu esta festa …

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Um simples devaneio poético?

…no coração das nove ilhas dos Açores


- As ilhas açorianas formam um arquipélago de origem vulcânica. Dizem alguns historiadores que as ilhas são os cumes de uma imensa cadeia montanhosa afundada no oceano há muitos milhões de anos. São reminiscências da velha Atlântida, um grande continente onde viveu uma civilização rica e avançada.
- Por que razão se afundou esse continente?
- Ao que dizem alguns, porque a sua população terá caído na imoralidade mais grosseira, sendo castigada com um tremendo cataclismo em que a terra foi tragada pelo mar. Só que se afirma que esta versão é um simples devaneio poético.
“Existe ainda outra lenda, talvez mais conhecida do que todas as outras, que refere que há muitos anos teria existido a meio do Atlântico uma grande ilha, tão grande como um continente, chamada Atlântida.
“Era uma nova Shangri Lá, com um clima suave, bonitas florestas onde imperavam imponentes árvores e planícies com terrenos muito férteis. Nos seus inúmeros desfiladeiros, corriam manadas de cavalos brancos com as suas enormes crinas sacudidas pelo vento, enquanto aves coloridas enchiam o ar de bonitas melodias.
“Os atlantes eram ricos e poderosos, protagonizando as mais evoluídas civilizações do planeta. Construíram grandes e modernas cidades onde proliferavam palácios e templos com paredes revestidas de marfim e metais preciosos. As mulheres eram belas como fadas, de longos e sedosos cabelos loiros, olhos muito azuis, ostentando bonitas e raras jóias e aromas de exóticos perfumes.
“No seio das suas cidades, existiam muitos jardins, teatros e gigantescos estádios decorados com belas estátuas, esculpidas por talentosos escultores.
“A Atlântida era tão rica, que as suas jóias eram confeccionadas com um metal raríssimo só lá existente, mais valioso que o ouro, chamado oricaldo.
“No seu apogeu, o rei da Atlântida dominava todas as ilhas em seu redor, grande parte da Europa e algumas importantes parcelas do Norte de África. Enfraquecido pela dispersão das suas tropas nas terras conquistadas, acabou sendo derrotado pelos atenienses.
“A Atlântida desapareceu devido a um violento abalo sísmico, tendo sido engolida pelo mar em poucas horas restando apenas os cumes das suas mais altas montanhas que formam no presente o arquipélago açoriano.
“Na antiguidade, a Atlântida era tão célebre que as notícias a seu respeito se espalharam por todo o mundo através dos navegadores e homens de negócios. Tal facto fez com que muitos escritores e historiadores da época se referissem a ela. Platão, que viveu no século V antes de Cristo, foi o primeiro a escrever a seu respeito nos diálogos Timeu e Crítias.
“Depois dele, muita gente escreveu sobre o colossal continente desaparecido, sucedendo variadíssimas versões sobre a existência e causas do misterioso desaparecimento. Hoje em dia, existem mais de mil e quinhentas obras escritas que se referem à Atlântida e é frequente aparecerem, em profusão, artigos em variadíssimos media sobre a história e até mesmo associações que procuram afincadamente os restos da Atlântida e suas riquezas no fundo do mar.
“Voltando aos Açores, os ditos cumes da desaparecidas Atlântida são um lugar muito bonito, com o mar muito azul, despoluído, onde se encontram plantadas as nove ilhas que constituem o arquipélago açoriano.
“Cada ilha tem o seu encanto, o seu relevo, a sua história e, ainda a sua economia.

Extracto retirado do livro Os Ciganos do Mar de Valdemar de Oliveira

Os Ciganos do Mar conta a história de peixes errantes, grandes migradores, que cruzam os oceanos em estradas de água temperadas, guiados por referências muito próprias, na busca de objectivos que ninguém sabe explicar.


A importância de ouvir contar histórias…

As lendas, como parte integrante do património imaterial colectivo, contribuem para a caracterização da identidade de um povo, sobretudo numa era que tende assustadoramente para a massificação de conceitos, atitudes e, até mesmo, de línguas e culturas.
Constatamos…
- A substituição de práticas seculares de narração de histórias pelas telenovelas. Hoje praticamente ninguém se reúne para contar histórias, para ouvir histórias. Hoje consomem-se histórias diariamente na televisão. Os momentos de partilha, de conversa em família e entre amigos, os serões praticamente acabaram.

Este pedacinho da história traduz em algum sentido um pouco do tesouro que se encontra guardado no coração das nove ilhas dos Açores.