Redescobrir o mundo rural

quarta-feira, maio 31, 2006

Os vulcões contados às crianças


No dia 26 de Maio, o Professor Doutor Francisco Cota Rodrigues da Universidade, veio novamente à nossa Escola, desta vez, falar-nos sobre vulcões.
Disse-nos que as nossas ilhas são de origem vulcânica mas que nos Açores os vulcões estão adormecidos.





É através das percepções das crianças que reconhecemos outras formas de ver o mundo e é neste sentido que surge esta intervenção e o seu enquadramento científico em estreita ligação com os acontecimentos e costumes locais.

O vulcão faz tremer a Terra e deita gás.
Os vulcões derramam lava. (Marco, 2º ano)

Há o vulcão do mar e o da terra.
O vulcão deita lava. (Pedro, 1º ano)

Os vulcões podem nascer no mar.
Os vulcões aquecem a água e matam os peixes. (Miguel, 2º ano)

O vulcão é perigoso.
Eu tenho medo dos vulcões. (Diogo, 1ºano)

O vulcão

● deita fumo
● faz tremer a Terra
● deita lava e pedras
● faz respirar a Terra
(Márcio, 2º ano)

A nossa ilha foi feita por vulcões.
Os vulcões poder nascer no mar e na terra. (João, 1º ano)



Eu achei muito interessante a parte da apresentação em Powerpoint em que mostrava quando o vulcão sai do mar. É aí que nós percebemos bem a força que tem um vulcão.

A lava também tem muitos mistérios. Eu penso para mim, como é que uma coisa líquida e quente se torna numa pedra sólida e fria?! (sim, porque a lava quando cai no chão e apanha ar fica em rocha)
(Clara Costa, 4º ano)


O professor Cota Rodrigues mostrou imagens de vulcões. Eu percebi que os vulcões é que formaram as nossas ilhas e por isso fiquei assustada.
Os vulcões dão origem a diferentes formas de relevo. Fazem crescer "montes" no mar e "picos" em terra que são os cones vulcânicos e até podem acrescentar um bocadinho de ilha.
(Catarina, 3º ano)






Numa erupção vulcânica, o vulcão "cospe" bocados de lava muito quentes que quando caem se transformam em rochas, por exemplo: bagacina, basalto…

Próximo da costa do Raminho, apareceu um vulcão no mar (erupção vulcânica submarina da Serreta), há muitos anos atrás, em 1867. Os habitantes com muito medo fizeram uma procissão a que deram o nome de Procissão dos Abalos e pelo caminho pediam misericórdia.
(Paulo, 4ºano)


Hoje, dia 31 de Maio, iremos realizar a Procissão dos Abalos.

Os vulcões, são fenómenos da Natureza.
Aqui, as nossas ilhas foram formadas por vulcões.
Os vulcões são muito perigosos.
A lava quando sai destrói tudo o que lhe aparece à frente.
Mas lá por ser perigoso é uma forma da Natureza e temos de respeitá-la como ela é.
(Hugo, 3º ano)

quarta-feira, maio 24, 2006

O QUE EU PERGUNTO?


Os docentes e investigadores do Campus de Angra do Heroísmo, da Universidade dos Açores, disponibilizaram-se para abordarem questões relacionadas com os Desertos e a Desertificação, em todas as Escolas interessadas, no âmbito da comemoração do Ano Internacional dos Desertos e Desertificação (2006), proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas.


Ontem, dia 23 de Maio, o Prof. Doutor Francisco Cota Rodrigues apresentou o tema Desertificação e regime hídrico, aos alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico da EB1/JI do Raminho.




Texto do aluno Paulo Barcelos (4º ano)

Ontem, dia 23 de Maio, um professor da Universidade veio dar-nos uma aula sobre a água.
Nós fizemos muitas perguntas, como por exemplo: Como se forma o granizo? A chuva ácida ? O nevoeiro?A neve...

Recordámos várias formas de poupar água:


Na Casa de Banho

- Quando se vai lavar os dentes não deixar a torneira sempre aberta;
-Tomar duche em vez de banho de imersão;
- Utilizar o botão do autoclismo que reduz a descarga;


Na cozinha
- Quando lavar a loiça, encher o lava-loiça e não usar a torneira sempre a correr;
- Não colocar a máquina de lavar a loiça a trabalhar sem a carga máxima;


No jardim
- Regar as plantas de manhã cedo ou ao final da tarde porque durante a noite não há muita evaporação.


Precisamos, com urgência:


Corrigir os maus hábitos!
Evitar os consumos inúteis!

Reutilizar a água que pudermos!


O Doutor Cota Rodrigues disse-nos que se enchermos uma panela de água com sal e a metermos a ferver, a água fica mais salgada, porque ao evaporar, fica com menos quantidade de água mas o sal mantém-se, o que faz a salinidade aumentar…

Quando fervemos a água destruímos os micróbios mas quando a água não está em bom estado e está poluída com resíduos tóxicos, excesso de adubo da terra (nitratos e fosfatos), ou outras substâncias químicas, mesmo fervendo corremos graves riscos de saúde.





Às vezes pergunto:
e se a água faltasse?
Nem que fosse por um segundo
Seria coisa que se notasse.
Às vezes pergunto:
de onde vem?
Quem a trouxe ao mundo?
Quantos segredos tem?
Se a água tem segredos
não os conta a ninguém.
Mas de tanto perguntar,
pobre gota de água,
que farta de chorar
me contou seus medos e coisas lindas do além.
Que algum dia a vós irá contar,
basta fechar os olhos e imaginar.

(poema retirado do livro Água Azul)



Texto da Maria Clara (4ºano)

Nós, como é óbvio, fizemos muitas perguntas e com as respostas aprendemos várias coisas.
O Hugo fez uma pergunta muito interessante que era para saber como se formava a chuva ácida e o Professor respondeu que quando o fumo dos carros e das fábricas ia para as nuvens, elas ficavam sujas e depois a chuva que saía não era nada boa.
Também quisemos saber como é que o sal foi parar ao mar.
Mas depois o Professor fez uma pergunta difícil e tivemos que dar muitas hipóteses até conseguir acertar. Tínhamos que descobrir a explicação para as gotinhas de água que se formam no exterior de uma garrafa quando sai do frigorífico. Afinal a explicação é simples, trata-se do fenómeno de condensação da superfície gelada da garrafa com o ar mais quente do ambiente. O que significa que o ar que respiramos também tem vapor de água.




O entusiasmo dos alunos foi tão grande que até conseguiram que o Professor Francisco Cota Rodrigues volte à nossa escola em breve.
Esta acção foi importante, proporcionou-nos uma interessante troca de ideias, e permitiu que os alunos adquirissem mais informações sobre o ciclo da água, os fenómenos de transformação dos estados da água na natureza, a poluição da água...
O enriquecimento não foi apenas a nível pedagógico e científico mas também de relacionamento pessoal com alguém cá da terra.
Esperamos que todas estas acções (queremos aproveitar ao máximo!) permitam que os nossos alunos desenvolvam cada vez mais a capacidade de intervenção na defesa do ambiente.












sexta-feira, maio 19, 2006

IX Exposição Agro-Comercial da Ilha Terceira

IX Exposição Agro-Comercial da Ilha Terceira


“As Feiras, Exposição e Encontro”

…é o título de um artigo do Engº Joaquim Pires, Director do Desenvolvimento Agrário, publicado no Jornal da AAIT, no qual se refere às Feiras Agrícolas dos Açores como eventos de elevada importância direccionados para a promoção do Desenvolvimento Agrário no seu global.
O encontro de pessoas como potenciador do intercâmbio de ideias e transmissão de saberes.


A Escola do Raminho visita a IX Exposição Agro-Comercial da Ilha Terceira, na Vinha Brava, Angra do Heroísmo, num dia pensado para agradar as crianças.
De facto, concordamos que neste encontro brilhou a exposição, não só daquilo que a Terceira tem capacidade de produzir, mas também a qualidade dos seus produtos e a diversidade das produções pecuárias e agrícolas.
Aceitámos o convite e com muito gosto fomos visitantes da “Agroter 2006” por uma manhã.

Percorremos os diversos pavilhões, uns suscitando mais curiosidade e atenção do que outros.
Ouvimos as observações do Senhor Carlos Bretão (avô do Pedro) e lá descobrimos as alfaias agrícolas, as balanças antigas e aquela muito diferente, que servia para pesar a lã, cujo peso era uma pedra, os candeeiros a petróleo, os bordões, o carro dos bois e outros mais…







Na passagem pelo espaço da Universidade experimenta-se o microscópio e observam-se culturas de algumas plantas.





No cantinho das flores, algo aconteceu e alguns quiseram comprar amores-perfeitos ou petúnias para oferecer às mães. Que coisa mais linda!!!
Os rapazes deliraram com a exibição feita pelos atletas da Associação de Karaté dos Açores. Alguém comentou que não é porrada é defesa pessoal (parece-nos bem… e para as meninas também).







Nos insufláveis foi o delírio total! Pular, saltar, “desbundar” foram predicados do momento, com as palhacinhas do “Teatrinho”.







Entre crianças e animais os afectos inevitáveis e a intimidade que alguns demonstram deixa transparecer relações de proximidade…com o gado bovino, caprino, ovino ou equino. Animais com raça e porte que nos merecem admiração!






O Bodo de Leite Tradicional foi animado pela gente de São Sebastião, o Grupo Folclórico da Casa do Povo e as crianças da Escola, que contou com o patrocínio da Unicol.







No final, a organização ainda distribuiu um pequeno lanche pelos meninos, um iogurte e um sumo de maçã.

Sempre que assisto a um Bodo de Leite sinto a generosidade da alma, o ser ilhéu, na verdadeira assumpção da palavra.



Fica aqui expressa uma palavra de agradecimento à organização AAIT e a todas as pessoas que contribuíram para que este dia ficasse na memória dos mais pequenos e dos mais crescidos.

Aos encarregados de educação que se disponibilizaram para nos acompanhar e ao Senhor António Veiguinha, o motorista, o nosso muito obrigada por continuarem a colaborar afincadamente na concretização dos nossos desígnios, para uma escola que procura conhecer os interesses e expectativas dos seus intervenientes, para poder dar respostas adequadas, para atender às mudanças, para partilhar as heranças, e para ser ao mesmo tempo uma janela sobre o mundo e o desenvolvimento, no contexto e no momento em que se inscreve.

quarta-feira, maio 03, 2006

Corda à Campanha



























"A grande generosidade
está em lutar para que,
cada vez mais,
essas mãos,
sejam de homens
ou de povos,
se estendam menos,
em gestos de súplica.
Súplica de humildes
a poderosos.
E se vão fazendo,
cada vez mais,
mãos humanas,
que trabalhem e
transformem o mundo."

Paulo Freire


Este poema sugeriu-me o princípio para apoiar a obra da UNICEF.


"Vai e faz tu também o mesmo" (Cf Lc 10, 25-37)

- Dar de comer a quem tem fome;
- Dar de beber a quem tem sede;
- Vestir os nus;
- Assistir aos infermos...



A Comissão dos Direitos Humanos da ONU declarou "O desenvolvimento é um processo económico, social, cultural e político abrangente, que visa o constante melhoramento do bem estar de toda a população e de cada pessoa, na base da sua participação activa, livre e significativa e na justa distribuição dos benefícios resultantes dele."
Tantas coisas belas pervertidas ... e que ficam por cumprir, adiadas, irremediavelmente, comprometidas... tais valores universais como uma vida de qualidade, educação, participação, democracia, respeito aos direitos humanos, protecção... tais valores só se alcançam se houver construção colectiva do social, convivialidade entre as diferenças, cordialidade nas relações, compaixão e se criarmos estratégias de compensação e de integração.
Nasce assim a responsabilidade, a obrigação de dar respostas.
Como refere Leonardo Boff, um dos maiores desafios lançados é indubitavelmente o dos milhões e milhões de pobres, oprimidos e excluídos das nossas sociedades. "Esse antifenómeno resulta de formas altamente injustas da organização social hoje mundialmente integrada. Com efeito, graças aos avanços tecnológicos, nas últimas décadas verificou-se um crescimento fantástico na produção de serviços e bens materiais, entretanto, desumanamente distribuídos, fazendo com que 2/3 da humanidade viva em grande pobreza."
A opção pelos pobres contra a sua pobreza e em favor da sua vida e liberdade, dos trabalhadores explorados, dos indígenas e negros discriminados, das mulheres oprimidas e das minorias marginalizadas, dos portadores da Aids ou de qualquer outra deficiência, deve constituir a marca registada não só das organizações de solidariedade e da Igreja mas também de cada um de nós, pelas nossas atitudes, por um novo paradigma desta civilização, que tem de arriscar para a construção de uma sociedade diferente.
Se os problemas com os pobres, marginalizados e excluídos não forem equacionados podemos estar condenados a não sair da pré-história?
Poderemos ter inaugurado o novo milénio, mas a nova civilização e a era da paz entre os humanos ainda está longe de acontecer.
"Banco Alimentar Contra a Fome" - 6 e 7 de Maio próximo, estará num supermercado próximo de nós.
Este desafio foi-me lançado pelo blog http://laminadagua.blogspot.com/
e esta imagem dedico-a à minha mãe e a todas as mães que vieram a esta vida para servir e cuidar dos outros.